2010/01/26

Pinguinos 2010 - Valladolid [1/3]

Por: Rui Viegas Gago

Tendo como pretexto o encontro anual dos “Pinguinos 2010” juntou-se um grupo de amigos e rumamos a Valladolid.

Pinguinos” é um encontro de motociclistas organizada pelo “Club Turismoto” que tem como objectivo receber e juntar os motociclistas de inverno que se predisponham a fazer a viagem para conviver em condições climatéricas adversas.

A primeira edição deste encontro anual realizou-se no ano de 1982. De acordo com o “Club Turismoto” o objectivo principal do encontro é fomentar o convívio através do mototurismo. Este encontro tem mudado de localização mantendo-se sempre na área de Valladolid.

ETAPA 1 - IDA

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O objectivo era ligar Tavira a Valladolid, de moto, no mesmo dia, não necessariamente pelo caminho mais curto nem pelo mais rápido. Seria antes pelo mais interessante consoante as condições climatéricas o permitissem.

Com cerca de 900 kms pela frente a saída de Tavira foi pelas 5.00 horas da manhã, ainda era noite cerrada tendo ponto de encontro ainda no Algarve, com mais três amigos. E lá seguimos viagem com temperaturas sempre na ordem dos zero graus centígrados ainda no Algarve.

Apesar de não ser a nossa primeira, nem segunda, opção seguimos até Badajoz sempre por auto-estrada de modo a estar no ponto de encontro à hora acordada com o “errante” Francisco Coelho e os restantes amigos de Lisboa aos quais nos juntaríamos.

A partir desse momento, de mais uma paragem para abastecimento e dois dedos de conversa, a auto-estrada foi coisa do passado.

Agora passava-se tudo nas estradas nacionais.

Rumámos a Cáceres e daí a Plasencia mas antes a obrigatória paragem no miradouro do “Parque Nacional de Monfrague” para contemplar a magnífica paisagem, o Rio “ainda” Tajo e ver e fotografar os Abutres Negros.

Seguimos viagem em direcção a Plasencia e eram horas de mais uma paragem, desta vez para abastecer os estômagos que já vinham reclamando das horas.

Depois de abastecidos numa paragem rápida, de Plasencia rumámos ao “Valle del Jerte” que tem o nome do rio que o acompanha, em plena Serra de Gredos.

A temperatura teimava em rondar os zero graus e todos agradecíamos ao equipamento que levávamos e que por momentos, antes da partida, pensámos que fosse demasiado.

O Vale é deslumbrante, característico pelas cerejeiras e pelas povoações medievais que surgem junto ao Rio Jerte na sua descida desde onde nasce, junto a zona da povoação de “Tornavacas” a cerca de 1800 metros de altitude.

Pouco depois do início da subida começam a surgir os primeiros flocos de neve, a emoção aumenta, as paisagens tornam-se ainda mais deslumbrantes mas as temperaturas voltam a baixar para números negativos. Os cuidados em cima das motos redobram-se tentando perceber se as condições de aderência eram suficientes para seguir viagem em segurança.

Primeira paragem já no Vale para fotografar o momento e conferenciar sobre as condições do percurso traçado. O horizonte estava negro e nos últimos quilómetros antes da paragem tínhamos a sensação que íamos a caminho de uma tempestade desconhecendo por absoluto o que iríamos encontrar. A única certeza era que o vale apenas permite duas opções nestas situações, seguir em frente ou voltar para trás.

Após conferência, o “road líder” continua o rumo traçado anteriormente seguido de toda a caravana. Ao todo éramos onze motos BMW. Mantendo a tradição, o motor boxer dominava tendo unicamente como excepções, a K1200LT do Francisco, uma K1200GT e uma F800GS.

Tal como previsto, o clima e as condições da estrada iam piorando à medida que subíamos rumo ao “Puerto de Tornavacas”. Este ponto fica exactamente na divisão entre as províncias de Extremadura e de Castilla y León e serve de miradouro para todo o Valle de Jerte, tanto na direcção de Plasencia como de Ávila. Com as condições a ficarem mais precárias de minuto a minuto, após as fotografias da praxe e os dois dedos de conversa lá seguimos viagem, agora descendo o vale, em direcção a Ávila até à próxima paragem para fotografias na localidade de “El Barco de Ávila”, dominada pelo seu castelo do século XII cuja reconstrução data do século XV, que se impõe ao Rio Tormes e à ponte românica cuja reconstrução data do século XII.

Já fora da Serra de Gredos retomamos viagem em direcção a Ávila onde, dado o adiantado da hora e estando a noite a cair com a mesma intensidade que o nevão que se fazia sentir, não efectuamos qualquer paragem. A prioridade era conseguir chegar a Valladolid, já não de dia porque era impossível, mas apenas chegar.

As estradas começavam a ficar difíceis de transitar e a visibilidade não era já suficiente para permitir uma condução em completa segurança. Por outro lado, faziam já catorze horas e cerca de 900 kms que tínhamos saído de casa e já era de noite outra vez.

Pelas 19.30 lá chegámos a Valladolid. Em perfeitas condições, apenas o cansaço se fazia sentir mas a adrenalina da viagem pelas condições em que foi feita, em conjunto com o latejar das imagens dos locais onde havíamos passado que nos bombardeava o cérebro faziam esquecer o cansaço. A estadia fez-se no Hotel Olid e até as motos tiveram direito a garagem para o merecido descanso. À nossa espera, no aconchego do bar do hotel, estavam já cinco amigos à espera para jantar.

3 comentários:

Jorge Lami Leal disse...

Estava um calor frio... dizem... LoL

Anónimo disse...

Muito bom o relato da viagem. Após ter falado com alguns "pinguins" tinha apenas algumas "partes" da viagem, sensações "a vulso", umas "bocas", ...

Fiquei ainda com mais vontade de ir (como se diz, não pelo destino mas pela viagem...)

Abraço,

Pedro Bastos

Anónimo disse...

Não te conhecia esses dotes de historiador! Na realidade fizeste uma excelente descrição da viagem só tendo faltado o aspecto gastronómico que também foi espectacular.Até à próxima
António Madeira