Por: Jorge Lami Leal
O desenho desta viagem começou há meses atrás. Inicialmente para bem mais a Norte, com quase o dobro dos dias e mais motos. Ficou entretanto sem efeito, mas, a menos de três semanas do início das férias que entretanto tinham ficado marcadas, coincidindo com o desafio para passar um fim-de-semana para os lados de Sines, o recrudescimento da vontade de partir para qualquer lado, que já “latejava”, orientou esta viagem. Em poucas horas abandonamos um outro projecto até Castellfollit de la Roca (que fica em standby para já) e fechámos um itinerário alternativo, mais caseiro, a dois (ou a três, se a moto contar!)
O desafio lançado no mês passado pelo mais alto magistrado da nação, no sentido dos portugueses passarem as suas férias “cá dentro”, ainda que não fazendo sentido do ponto de vista político e até económico, já que necessitamos que muitos estrangeiros continuem a sair “de dentro” dos seus Países, “para dentro” do nosso, foi no entanto uma boa desculpa para dar o mote a este passeio de (re)descoberta de parte deste nosso fantástico País – o Norte de Itália e a Suiça dos planos iniciais foram assim rapidamente substituídos pelo cantinho Norte de Portugal.
O itinerário
Vamos partir do Algarve em direcção a Sines, para dois dias com bons amigos, cujos caminhos têm teimado em não se cruzar nos últimos seis meses. Depois, já a 2, subimos a Ponte de Lima, por auto-estrada, para chegar ainda com a luz do sol em cima do horizonte e aproveitar o final da tarde nesta bela vila minhota, quem sabe até assistir ao pôr-do-sol na ponte que lhe dá o nome. Escolhemos esta terra como base principal desta aventura. Os restantes dias serão divididos pelas vilas e aldeias mais próximas, com especial ênfase para os percursos de descoberta do Parque Natural da Peneda-Gerês e alguns castelos e solares, destacando-se à partida, pelo seu encanto, o Palácio da Brejoeira.
Planeamos um regresso a Sul em duas fases, descendo de Ponte de Lima até ao Porto por Guimarães, berço de Portugal, depois, dois dias de pausa na ”Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto” e uma subida ladeando esse património da humanidade que é o rio Douro, com a travessia deste prevista mesmo no extremo interior do país, em Barca d’Alva, numa ponte de 1955, projectada por Edgar Cardoso. Contamos fazer o regresso por Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e, finalmente, Algarve.
Este é o plano traçado e que pode sofrer alterações, em função do interesse do itinerário e do que considerarmos mais adequado para o espírito que pretendemos nestas férias, que passa sobretudo por aproveitar o tempo, com tempo.
Nesta viagem queremos fazer o compromisso de aliar o prazer de viajar de moto, com uma forte componente cultural, que pode ser em sentido lato e simples como admirar as paisagens naturais por onde vamos passar como, em sentido mais estrito, observar a típica arquitectura minhota, barroca e não só, assim como a presente ao longo do Douro, com o expoente máximo nas igrejas, nas pontes, solares e castelos seculares, tantos com peso na afirmação e sustentação da nossa nacionalidade.
Vamos às origens de Portugal. Este pequeno grande reino que se fez depois república. O que vamos ver contrasta com o que habitualmente absorvemos nos passeios que fazemos mais a Sul, tão diferentes que são as paisagens e o património construído. No Porto esperamos ter tempo para uma passagem por Serralves, vamos ficar alojados mesmo ao lado e repetir o hotel onde ficámos no Lés-a-Lés deste ano. Esperamos beber um pouco (em sentido figurado e não só) do que de bom e tradicional a capital do Norte tem para nos oferecer, para além da degustação de uma francesinha “daquelas”!!
Vamos percorrer muitos quilómetros no último dia, mas esperamos ter tempo suficiente para visitar de passagem algumas povoações ao longo do Douro, assim como, já na descida para Sul, essa maravilha da arquitectura militar que é a Praça-Forte de Almeida, que esperamos percorrer a pé.
Estes são os caminhos que contamos percorrer, os princípios e algumas expectativas desta viagem. Até lá vamos documentar estes e mais locais para visitar.
Aceitam-se sugestões de locais para visitar nestas paragens e… outros para degustar!
2 comentários:
Jorge e Francisco gostava de participar quer no passeio, quer, se assim o entenderem, na sua organização. O caminho do Pinhão, sempre a ladear o Douro é um espectáculo imperdível, desde Gaia. Gustavo
Boas!
Olha que conto sair do Porto bem cedo no dia destinado ao Douro, para aproveitar bem a "subida"... e "descida" ;-)
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